Desde que comecei a ter algum tipo de interesse pelo que acontecia no cenário político nacional, e isso deve fazer com certeza 20 anos, percebi que a grande máquina do estado sempre utilizou o mesmo tipo de lubrificante, o dinheiro.
Entra governo e sai governo, a ladainha é sempre a mesma. Aquela Câmara dos Deputados congelada com a atual crise, e o Senado inerte, nada se faz para tocar adiante as matérias e pontos necessários para equacionar parte dos problemas do Brasil, todos só se preocupam agora com quem roubou ou recebeu mais do que o outro.
Não que isso seja bonito, ou regra, mas no meu entendimento é uma constante. Lembro dos domingos vendo o Jornal de Domingo da extinta Rede Manchete, onde o jornalista (que mais tarde foi deputado federal) Alexandre Garcia mostrava cenas do cotidiano daquela casa que deveria ser o centro das atenções do país pelos seus feitos, mas o é pelo que deixa de fazer. Cada domingo eram mostrados diversos deputados e senadores dormindo, comendo, lendo jornal, conversando, perturbando a sessão ou esbravejando na cara de outro.
A única coisa que realmente muda no Senado e na Câmara Federal é a cor do carpete que reveste o piso e parte da tribuna, e o forro dos grandes assentos de couro onde repousam aquelas nádegas bem tratadas.
Foram tantas as vezes que me revoltei com o descabimento dos políticos que por muitas vezes pensei em fundar meu próprio partido, o que acabei percebendo ser um tanto complicado. E apesar de pensar em me candidatar e mostrar como se deve fazer um trabalho decente, tenho ciência que não iria durar muito tempo em nenhum partido existente.
Mas voltando ao ponto inicial, me impressiona é que tem tanto dinheiro disponível para ser usado (e desviado), que sempre se tem oportunidade de se fazer grandes desvios com o dinheiro público. Eta pais mais rico este. Imaginem se ficassem uns 10 anos sem roubalheira, pagaríamos a dívida externa por completo com certeza.
Porém a realidade da maioria de nós é pensar que na próxima compra da cueca Zorba venha com o compartimento adicional recheado de dólares para fazer o pé de meia, ou que a próxima mala Samsonite tenha o fundo falso já com as milhares de notas de R$ 100,00 aguar-dando para irem para a poupança (não a do Banco do Brasil). Mas por hora é isso, político é assim mesmo, se não teve jeito até agora dificilmente terá jeito no futuro. Triste fim para os crentes (como eu), que sempre esperam o melhor dos piores.